Knack é um dos jogos disponíveis para PlayStation 4 desde a chegada do console ao mercado e até se esforça para ser um título de peso. Mesmo com a melhor das intenções, falta esmero para o game protagonizado pelo carismático golem composto por relíquias se tornar um título imperdível do novo console da Sony. Conhecendo o criador para saber mais de sua obra Mark Cerny começou sua carreira na indústria de entretenimento mais lucrativa do mundo há mais de 22 anos. Entre os principais jogos em que atuou estão Major Havoc (Atari), Crash Bandicoot 1, 2, 3 e Uncharted (Naughty Dog), Kid Chameleon e Sonic The Hedgehog 2 (SEGA), Spyro 1 e 2 (Insomniac Games). Cerny recebeu o Lifetime Achievement Award durante a edição de 2004 da GDC (Game Developers Conference). Mais recentemente, foi anunciado que Cerny seria o responsável por supervisionar o desenvolvimento da arquitetura por trás do PS Vita e do PlayStation 4. Aparentemente, o acúmulo de funções necessário para subir na carreira não é algo exclusivo do Brasil, como pode se perceber por sua trajetória e o fato dele ser o arquiteto responsável pelo PS4 é refletido em Knack. Por mais que me doa escrever isso, esse game escrito e dirigido por Cerny infelizmente acaba sendo um dos títulos mais fracos já lançado por ele. Knack: como come, por onde vive e como se reproduz? O simpático golem dá nome ao jogo é um dos últimos de sua espécie, os guardiões que protegem as relíquias. Esses artefatos substituíram os combustíveis fósseis e outras fontes energéticas e agora representam a principal forma usada pela humanidade para alimentar nossos carros, aviões, geradores e até aspiradores de pó. Knack foi achado pelo Professor, um senhor de meia idade que assim como "O Doutor" é mais conhecido por seu título do que por seu nome em si. Após essa descoberta, o Professor demorou cerca de 20 anos para desvendar os segredos por trás das relíquias do carismático golem para finalmente torná-lo no defensor da humanidade. Os eventos do jogo se passam após a Guerra dos Cristais, um conflito entre a humanidade e os goblins em que a raça de criaturas verdes foi derrotada e deixada para o esquecimento devido a seus armamentos rudimentares. No entanto, poucos anos após esse confronto e agora em posse de poderosos veículos bélicos, essas criaturas voltaram a atacar os humanos. Por esse motivo, é criada uma expedição para descobrir como que os goblins evoluíram tão rápido em tão pouco tempo. Eu gostei do universo que Knack me apresentou, as partes onde você controla o golem gigantesco e as luta contra os chefes, em especial o confronto com o chefe final (imagem acima) que é disparado o melhor momento do game. Porém, a história começou a engrenar somente no quinto capítulo - em um total de 13 -, com reviravoltas e apresentação de novos inimigos. A narrativa foi extremamente arrastada numa tentativa vã de fazer com que a duração fosse maior do que necessária para contar a jornada dessa criatura antropomórfica. Brothers: A Tale of Two Sons prova que é possível contar uma excelente história em pouco mais de quatro horas de jogo. Com a união de suas peças, eu sou Knack! As principais mecânicas desse game giram em torno do conceito de que o corpo de Knack é composto por relíquias. Conforme seu progresso pelas fases, você irá acumular peças que farão com que o tamanho do protagonista cresça podendo alcançar até o tamanho de um prédio. Para recuperar sua vida, deve-se juntar mais artefatos, que consequentemente aumentarão sua barra de vida. Como a necessidade é a mãe da invenção, Lucas - assistente do Doutor e companheiro de aventuras do protagonista - acaba descobrindo que Knack pode absorver outros itens (gelo, cristal, madeira e até metal) além de relíquias para aumentar seu tamanho. Essa descoberta oferece uma mudança na jogabilidade, dado que as formas possuem suas particularidades, como o gelo que começa a derretar quando o gigante estiver exposto ao sol ou a madeira que, quando estiver em chamas, dá um dano maior nos adversários mas é consumida mais rapidamente. Minha forma preferida foi o Knack stealth (composto por cristais), perfeita para abordagens incógnitas de infiltração nas bases inimigas. Uma pena que essa forma não foi muito utilizada ao longo da história. O jogo oferece formas secretas para o golem mas para liberá-las, será necessário coletar pedras precisosas como, rubi, ametista, diamante, entre outras que estão espalhados pelas fases em áreas secretas. Além dessas joias, você encontra também peças de equipamentos que fornecem novas habilidades para Knack, como uma barra adicional de energia solar, o equivalente de magia nesse jogo. Momento desabafo O jogo está destinado para todas as pessoas mas acaba não definindo quem é seu público alvo. Na maioria das partes ele é desafiador, mesmo jogando na dificuldade normal. Não é a toa que o troféu de bronze para terminar o jogo está classificado como sendo uma conquista rara. Os pontos em que é realizado o save automático são distantes entre si e é muito mal informado para o jogador quando seu progresso é registrado. Por mais de uma vez eu fiquei com raiva ao morrer quando meu jogo retornou para um ponto bem mais longe do que eu imaginava. A quantidade de itens, seja equipamentos ou gemas, que você pode coletar são tantas que chega a ser frustrante ao invés de estimular a começar um novo jogo ou explorar o cenário em busca de áreas secretas. A primeira vez que completei um equipamento foi após o oitavo capítulo,e mesmo que haja uma mecânica interessante para trocar itens com seus amigos, ela acaba não funcionando como deveria. Não há uma evolução dos seus poderes iniciais e embora você tenha três magias, eu usei a mesma habilidade na maioria do tempo, ocasionalmente usando a magia de longo alcance. O progresso pelas fases é extremamente linear, não há backtracking, o que incentivaria a exploração do cenário ao conseguir novos equipamentos ou formas. Além disso, só é possível selecionar a fase que você gostaria de jogar após fechar o jogo pela primeira vez, feito que também abre novos modos de jogo - Coliseu e Time Attack -, ambos nada empolgantes. Knack almeja ser uma "tech-demo" para demonstrar a potência da capacidade gráfica do PlayStation 4 mas falha em impressionar. Em termos da exibição da quantidade de partículas na tela, chega a ser injusto comparar Knack com Resogun, ainda mais quando lembramos que esse último está disponível gratuitamente na PS Plus e é infinitamente mais divertido.
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